DISPOSTAS A NEGOCIAÇÃO, CENTRAIS SE REÚNEM COM O GOVERNO


   Com o compromisso de diálogo, reafirmado pela presidenta Dilma Rousseff em sua     posse no dia 1º de janeiro, o governo pretende estabelecer um canal de comunicação com os movimentos sociais. E o movimento sindical, um dos mais organizados do país, vai iniciar esse processo.


     O ministro Manoel Dias afirmou que o governo não levará nenhuma proposta para a reunião, pois o objetivo é “saber o que as centrais têm a dizer e contribuir com esse processo”. Segundo Dias, o encontro “consistirá de uma apresentação dos ministros de cada área à respeito das mudanças e seus impactos”. Em seguida, “será aberto espaço para manifestações e sugestões das centrais”.

     Rossetto também afirmou que o governo quer ouvir as centrais. E a expectativa dos trabalhadores é de que o governo ouça as reivindicações, mas também abra um processo de negociação, principalmente no que se refere às mudanças nas regras de concessão de benefícios previdenciários e trabalhistas, que segundo o governo, serão esclarecidas durante a reunião.

     “Já estamos muito bem esclarecidos sobre as medidas e a nossa posição é exigir do governo a suspensão imediata”, enfatizou o presidente da CTB, Adílson Araújo em entrevista ao Portal Vermelho. Ele completa: “As medidas causam prejuízos porque atingem as pessoas com maior vulnerabilidade, principalmente os jovens”.

     Uma das medidas dificulta o acesso ao seguro-desemprego com a exigência de 18 meses de trabalho nos 24 meses anteriores à dispensa. As centrais argumentam que o índice de rotatividade da mão de obra do Brasil é muito alto e a maioria dos trabalhadores não terão acesso ao benefício por conta da mudança da regra.

     Adílson reafirmou que as centrais estão dispostas ao diálogo. “Não acreditamos que será uma reunião meramente protocolar. Se for isso, será outro banho de água fria. Esperamos que o governo faça a sua parte para evitar que haja um retrocesso e que o trabalhador seja penalizado”, disse ele, destacando que as centrais têm muito a contribuir com o governo. “Precisamos consolidar um projeto que dê condições de desenvolvimento, mas que traga mais benefícios para a classe trabalhadora. Não retrocessos”, pontuou.

     O sindicalista citou a operação realizada pela Polícia Federal na semana passada que, com o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), desarticulou uma organização criminosa suspeita de desviar mais de R$ 15 milhões dos cofres públicos, a partir da inserção de dados falsos no sistema do seguro-desemprego, por servidores do Sistema Nacional de Emprego (SINE).

     “Distorções devem ser corrigidas e o que é fraude precisa ser combatido. E os organismos precisam atuar mais. O governo precisa ter a compreensão do quanto é importante separar o joio do trigo. Não pode querer fazer da exceção a regra. A regra precisa ser um mecanismo que não penalize parcela significativa dos trabalhadores que já foi penalizado durante anos”, salientou o dirigente sindical.

     Adílson reafirmou que as centrais perseguirão o caminho do diálogo, mas advertiu: “Faremos esse apelo para que o governo revogue as medidas e persiga o caminho do diálogo no sentido de encontrar uma posição. Agora, se o governo insistir na manutenção das medidas provisórias, que certamente irão para o Congresso Nacional, vamos engrossar o caldo. Não podemos esperar pelo pior, por isso, tivemos a grandeza de consagrar uma agenda de lutas que começa dia 28 de janeiro”.

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