É com grande pesar que o Sindicato dos
Trabalhadores em Educação Pública do Maranhão (SINPROESEMMA) lamenta a perda da
professora Maria José Silva Nunes, diretora da Rede Estadual do Centro de
Ensino Caminho do Futuro, localizada no Bairro Vila Nova em Imperatriz. A educadora
veio a falecer, no dia 31 de agosto às 9:45h da manhã, quando se recuperava de
uma cirurgia para tratar de complicações derivadas da bílis e do pâncreas.
Na secretaria da escola, uma reunião quebrava
o ritmo solitário deixada pela ausência do primeiro dia da professora. Das
quatro mesas localizadas na sala principal, apenas alunos à espera. Os
professores, mais reclusos em uma sala ao lado, procuravam se organizarem para
o andamento das atividades da instituição que irá desfilar, como ao gosto de
Maria José, no dia 7 de Setembro, data em que é comemorado a Independência do
Brasil.
A professora Maria Dalva de Medeiros Oliveira,
que trabalha há 20 anos na Rede Estadual de Ensino, é a secretária adjunta do
Caminho do Futuro, e fez questão em lembrar do legado deixado pela diretora e
amiga que em muitos momentos a fizera reticente. Com um suspiro, Dalva retomava às recordações,
mas as lágrimas insistiam em cair, como se quisessem adiantar todas as
lembranças daquele instante. Relutante, a educadora se mantém firme e entre
pequenas pausas as lentes de seus óculos, de hastes coloridas, revelava a dor
causada pela perda da profissional que a acompanhou desde seus primeiros
momentos na instituição como estagiária em 1993, na alfabetização.
Sobre a relação entre funcionários, Maria
Dalva esclarece como era ter Maria José como colega de trabalho durante cerca
de vinte anos. "Nós nunca
discutimos por nada durante todo esse tempo. Erámos muito amigas! Só tenho a
dizer que ela era uma pessoa acolhedora da comunidade. Sempre apaziguava tudo!
Na tomada de decisões ela era muito maleável, os alunos sempre estavam em
primeiro lugar”. Entre suas memórias, Dalva diz nunca esquecer de uma frase que
se tornou lema da diretora, que dizia "sempre acreditar na mudança do ser
para melhor".
Dalva diz aprender o significado de
colaboração e justiça com Maria José e revelou à outra companheira de serviço,
a professora de biologia, Maria de Fátima Oliveira de Sousa, entre lágrimas, o
zelo da diretora, "o medo dela era de te magoar, Fátima", desabafou.
Em 1989, Fátima deixa a capital maranhense por Imperatriz, sede do primeiro
contato com Maria José. Ela revela que passaram por muitas dificuldades e até
estudaram juntas na mesma faculdade.
Sobre o comprometimento em ajudar os outros, a
professora de biologia explica a ajuda da amiga para que se tornasse secretária
geral da instituição escolar, " ela lutou muito para eu ser coordenadora e
secretária geral, mas nunca quis largar a sala de aula. Ela viu meus filhos
crescerem... os amava... Então para mim, ela foi mais do que uma colega de
serviço, era uma irmã mesmo. Sempre estávamos juntas fim de semana e feriado".
Como
legado, Fátima pontua a integridade, determinação, humanidade e a paz como
pontos chaves deixados por Maria José, como valorização de todos os momentos da
vida. Na sala de Maria José, sempre com uma voz trêmula, Fátima conta como foi
entrar pela primeira vez na escola sem sua "irmã". "É muito
difícil. Se não estivesse hoje em sala de aula seria muito raro eu ter vindo
hoje. Porque todos esses dias, dormindo atribulada e acordando de madrugada,
passou aquele filme na cabeça desde 1989, e de repente chegar aqui... ",
desabafa reticente.
É indiscutível a saudade deixada pela professora
da instituição e o "xodozinho" de Maria José, a aluna do terceiro ano
do Ensino Médio, Kíria Mota Oliveira (17
anos), relembra de momentos e quebra o silêncio deixado pelo diálogo saudoso
das companheiras da diretora, "sempre me dei muito bem com ela, até mesmo
porque era uma pessoa muito amável e calma. Uma pessoa exemplar! Minha mãe
costumava a dizer que a Maria José e a Dalva eram a tampa e a panela, se fosse
um casamento daria muito certo". Logo a aluna esclarece o porquê do dito
popular, "uma tem um cunho mais forte, que é a Dalva e a outra tinha mais
paciência, aquela coisa de dar o colo, mas sempre se combinando muito bem as
duas".
Apesar
da calmaria fluída de Maria José, Kíria fala dos puxões de orelhas que que ela
dava em muito dos seus colegas de turma, "quando estávamos errados ela 'puxava
nossa orelha'. Sempre nos aconselhava perguntando em que gostaríamos de nos
formar. Questionava se estávamos fazendo provas de vestibular...". O clima
era descontraído, mas as lágrimas insistiam em cair revelando a falta da professora
que se mostrava em cada canto da sala por meio das fotografias emolduradas em
sua mesa. " Eu não acreditei! Eu senti muito, mas muito mesmo. Pra mim foi
impactante, triste!", desabafa a aluna.
Como característica intrínseca de Maria José a
calma (paz) foi relatada dentre muitas outras. O legado de exemplo e boas ações
foi deixado por Maria José à todos que passaram por sua vida. O coordenador
regional do SINPROESEMMA André Santos, reconhece a importância da professora e
lamenta profundamente que a educadora não esteja mais em nosso meio. “A professora Maria José contribuiu com a educação de
Imperatriz e região. Seu falecimento deixa um grande vazio em nosso
meio. Solidarizamo - nos com os familiares, amigos e colegas”. A visita da professora será
realizada dia 5 de setembro, sexta-feira, as 16h no cemitério Bom Jesus.
kalyne Cunha
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